Crítica do filme “Extraordinário”

Que filme! Talvez nunca uma produção cinematográfica teve um título tão coerente como este: “Extraordinário” (Wonder)! É difícil encontrar um outro adjetivo para o longa que estreia nos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira, 7 de dezembro. Mas, para quem não aguenta mais esperar por esse filme – que um dos mais aguardados do ano – tenho uma boa notícia: ele entrou em pré-estreia nesse final de semana, 2 e 3 de dezembro, em diversas cidades do país.

Se pelo trailer você sentiu um nó na garganta, compre uma caixa de lenço, o ingresso do cinema e vá.

O filme

Baseado no livro homônimo de R. J. Palacio – um best seller nova iorquino – o filme é dirigido por Stephen Chbosky (As Vantagens de Ser Invisível) e roteiro ficou com Steve Conrad (À Procura da Felicidade / A Vida Secreta de Walter Mitty) e Jack Thorne.

O longa conta a história de Auggie Pullman (Jacob Tremblay), uma criança de 10 anos que nasceu com uma desordem craniofaciax congênita e vai começar a frequentar a escola pela primeira vez. Sim! Só isso já tem tudo para emocionar, certo? Mas, o filme – que corria um sério risco de oferecer um drama forçado cheio de piegas e clichês – entrega um humor leve, uma história incrível e vários momentos de emoção.

A história perpassa pelo drama de Auggie e adentra nos conflitos e na forma como os outros membros da família enxergam a situação: a mãe Isabel (Julia Roberts), o pai Nate (Owen Wilson) e a irmã Via (Izabela Vidovic). Ao mesmo tempo, o longa conta a rotina do menino no seu primeiro ano de escola.

 

Os astros

Impossível falar do filme sem falar das atuações. Chega a ser assustador o tamanho da maturidade de Jacob Tremblay (10 anos à época da gravação) em cena. Se em “O Quarto de Jack” ele já despontou pelo potencial, em “Extraordinário” ele se afirma de vez, a ponto de merecer uma incontestável indicação ao Oscar.

Além de Tremblay, o núcleo infantil se apresenta muito bem. Noah Jupe (Jack Will), Millie Davis (Summer) e Bryce Gheisar (Julian) se destacam e trazem uma verdade nos sentimentos apresentados. Eles trafegam entre a sinceridade, o afeto, a amizade e a crueldade, características do mundo infantil.

Julia Roberts entrega tudo que tem e mostra que está em um momento especial da carreira, com uma atuação que repassa todos os medos, incertezas e angústias naturais de uma mãe. Em diversos momentos, ela não precisa de textos ou de outros artifícios linguísticos para nos entregar, de bandeja, toda suas emoções e dúvidas, com uma interpretação facial carregada, porém na medida certa. Acho que, aqui, também vale uma indicação a atriz coadjuvante na maior premiação do cinema mundial.

Jacob Tremblay se afirma de vez, a ponto de merecer uma incontestável indicação ao Oscar (crédito: divulgação)

Para finalizar sobre as atuações, é necessário citar – a não menos competente – Izabela Vidovic (Via) que nos faz mergulhar em sua trama pessoal, que tem de enfrentar a adolescência em um cenário conturbado como a irmã sempre esquecida e deixada em segundo plano. A brasileira Sonia Braga tem uma participação pequena, mas importante na trama, como avó de Via e Auggie.

 

E tem mais

Apesar de deixar transparecer alguns problemas comuns em adaptações da literatura para o cinema, o roteiro – de modo geral – está em um nível bem acima do que foi apresentado no ano. O texto é limpo, direto e leve. Não há uma trama específica. Não há como contar spoilers. O filme é sobre uma família que – apesar de se mostrar diferente – após meia hora de filme você percebe que é como qualquer outra. É como a minha. É como a sua.

Outros destaques: Edição – a forma que apresenta os personagens, como em livros, se mostrou bastante inteligente – e maquiagem, pois tornar Jacob Tremblay irreconhecível, real e apaixonante é a comprovação de um trabalho bem feito.

Ator, Atriz Coadjuvante, Roteiro Adaptado, Edição e Maquiagem. Em uma lista de dez, ainda dá para entrar como melhor filme (crédito: divulgação)

Se eu gostei? Ator, Atriz Coadjuvante, Roteiro Adaptado, Edição e Maquiagem. Em uma lista de dez, ainda dá para entrar como melhor filme.

Porém, independentes de prêmios, é um filme para rir, chorar, pensar na vida, na forma como você enxerga a diferença dos outros e como os outros te veem.

Se é para ser visto no cinema? Essa é uma produção para ser vista no cinema, em casa, no celular, no computador… “Extraordinário” é um daqueles filmes que daqui há anos você vai estar mudando de canal, ele vai estar reprisando e você não vai conseguir passar. Vai parar e assistir mais uma vez. É simplesmente apaixonante, inesquecível e “Extraordinário”.

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