Em 2003, cansado da constante rejeição por parte de Hollywood, o excêntrico Tommy Wiseau decidiu escrever, produzir e atuar em seu próprio longa-metragem. E assim nasceu The Room, filme majoritariamente conhecido como algo próximo de ser “o melhor pior filme de todos os tempos”, título que pode ser considerado muito mais valioso do que um Oscar. Assistir The Room é uma experiência tão única e o filme possui tanta identidade e carisma que é fácil entender o porquê da sua ascensão ao status eternizado de um filme cult.
The Room pode ser comparado ao tipo de coisa que é “impossível não olhar” de tão inacreditavelmente “ruim” e mal-feito. A história é meio bizarra e se passa em basicamente duas locações, as atuações são super amadoras e não é difícil encontrar erros técnicos ou narrativos ao longo de toda a trama, mas o que realmente vende The Room é definitivamente o seu protagonista, interpretado pelo magnífico idealizador do projeto, Tommy Wiseau. Tommy (e o seu personagem no filme, Johnny) é específico de uma forma que chega a ser hipnotizante – o jeito como ele atua, fala, ri e até se mexe, surpreende muito além de uma simples atuação ruim, Wiseau não é um ator, ele realmente é um personagem.
No entanto, Wiseau nunca esteve sozinho. A história por trás da criação desse tesouro cinematográfico tem forte influência do seu melhor amigo (tanto em The Room quanto na vida real), Greg Sestero, que interpreta Mark no clássico cult. Sestero acabou se aproximando de Tommy durante uma aula de teatro, admirado pelo seu entusiasmo por atuação e pela vida em geral. Isso eventualmente leva a dupla de amigos a morar em Los Angeles com o objetivo de realizar os seus sonhos no show business. Após uma série de tentativas frustradas, Wiseau começa a produzir o seu próprio filme, desde o roteiro até a direção e posteriormente, promoção. Vários detalhes sobre a vida de Wiseau são um mistério até hoje e ele se recusa a falar sobre o seu passado – como onde nasceu, a sua idade, como ele foi parar no Estados Unidos e da onde vem a sua grande quantidade de dinheiro. The Room aparentemente custou cerca de 6 milhões de dólares para ser feito e 100% da verba veio diretamente do bolso de Wiseau.
Anos depois, em 2013, Greg Sestero publicou um livro biográfico sobre a sua relação com Tommy e os bastidores dessa estranha produção, The Disaster Artist, e então, em 2017, James Franco decidiu levar essa história para o cinema e, assim como o próprio Tommy, produzir, dirigir e protagonizar o longa.
Artista do Desastre é uma linda homenagem ao trabalho de Wiseau e, assim como alguns outros projetos com o parceiro, Seth Rogen (que atua e co-produz o longa), é uma comédia leve sobre dois amigos – um bromance sobre acreditar nos seus sonhos. A atuação (ou melhor, personificação) de Franco como Wiseau é surreal, não apenas na aparência, como no jeito – do sotaque até a forma de dar risada. Não é difícil presumir que James Franco rouba a cena por toda a duração do filme, entretanto, o seu irmão, Dave Franco, que interpreta Greg Sestero, não é ofuscado e consegue mostrar o seu próprio valor dentro da produção. Sestero é o autor da obra original e vemos o transcorrer da história pelos seus olhos, aprendemos sobre Tommy junto com ele e isso consegue equilibrar a loucura de Wiseau perfeitamente. Dave Franco é o “homem sério” necessário para a audiência entender a verdadeira excentricidade de Tommy e, honestamente, embora chame bem menos a atenção, sua atuação é tão “real” quanto a do seu irmão. Aqui um não funcionaria sem o outro.
Existe um contraste tonal muito interessante entre este filme e obra que ele homenageia. The Room é um drama que pode ser visto como uma comédia e Artista do Desastre é basicamente uma comédia que pode ser vista como um drama. E um realmente funciona como um complemento para o outro e vice-versa. Tenho certeza que quem conhece a obra original vai se sentir altamente entretido assistindo a biografia dos irmãos Franco e quem ainda não conhece The Room, vai querer assistir assim que acabar a sessão de Artista do Desastre. Franco sabe disso, e por isso que logo após a última cena do seu filme, ele mostra por alguns minutos uma comparação lado a lado de cenas originais de The Room com as cenas refilmadas dentro do Artista do Desastre.
É uma narrativa muito boa para não ser contada, certamente engraçada, mas também real e até bonita. James Franco percebeu isso e soube atribuir o tom adequado. Esse é um filme sobre não desistir e sobre saber reconhecer o seu valor – e é um filme sobre amizade. Wiseau merece essa homenagem e com certeza o público também merece poder conhecer essa história mais de perto.
As performances foram equilibradas e muito boas. Os irmãos Franco têm um grande talento como atores de comédia. Além disso, Dave Franco faz excelentes dublagens. O que ele fez em Lego Ninja Go pareceu-me excelente. É um filme encantador desde o inicio, a historia e sobre todos os personagens são adoráveis. Sem dúvida é um dos mehores lançamentos de filmes 2017. O ritmo da historia é ameno e a mensagem que tem o filme é muito fofa, definitivamente recomendado. A história é muito divertida e original, pelo mesmo, tanto crianças como adultos podem desfrutar dele. Foi uma grande surpresa de animação.