Crítica do filme “Fala Sério, Mãe”

“Fala Sério, Mãe” estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 28 de dezembro (mas já está sendo exibido em sessões de pré-estreias em várias cidades do país) se tornou a comédia nacional mais aguardada do ano por reunir três ícones da atualidade: Ingrid Guimarães, que levou mais de 7 milhões de espectadores ao cinema com a franquia “De Pernas pro Ar”; a pop star teen Larissa Manoela e a autora de vários best-sellers adolescentes com mais de 2,2 milhões de livros vendidos, Thalita Rebouças.

O filme tem a direção de Pedro Vasconcelos, que dirigiu no cinema, este ano, o remake de “Dona Flor e seus dois Maridos” e “O concurso” e, na TV, esteve à frente do sucesso recente de “A Força do Querer”. Já o roteiro é assinado por Paulo Cursino (“De Pernas pro Ar”, “Um Suburnano Sortudo”, “Até que a Sorte nos Separe”), Dostoiewski Champagnatte e pela própria Ingrid Guimarães e é baseado no livro homônimo de Thalita Rebouças, que também contribuiu com o roteiro.

 

A História

O filme conta a história de Ângela Cristina (Ingrid Guimarães) e tem início na primeira gestação da protagonista. A trama repassa, de forma rápida e com bom humor, todas as etapas vividas por ela e seu marido, Armando (Marcelo Laham), desde a gravidez até o início da adolescência da primeira filha do casal, Maria de Lourdes / Malu (Larissa Manoela).

O longa acompanha o desenrolar da família até a maioridade da primogênita, retratando os conflitos familiares, principalmente com o foco na relação entre mãe e filha.

O filme reúne três ícones da atualidade: a pop star teen Larissa Manoela; a autora de vários best-sellers adolescentes com mais de 2,2 milhões de livros vendidos, Thalita Rebouças e Ingrid Guimarães, que levou mais de 7 milhões de espectadores ao cinema com a franquia “De Pernas pro Ar”  (crédito: divulgação).

Dois Olhares

Uma das boas sacadas do filme foi dividi-lo ao meio, mostrando os dois pontos de vista das envolvidas. Na primeira metade, o longa é visto com os olhos da mãe. Já na segunda, quem “assume a câmera” é a adolescente, que passa a entregar ao espectador as suas percepções.

Essa alternância de foco traz grandes benefícios à produção, como incluir, na mesma sala de cinema duas gerações diferentes, por exemplo. “Fala Sério, Mãe” não é um filme só para adolescentes, assim como não é um produto só para os pais. O texto da Thalita Rebouças consegue falar muito bem essas duas línguas que, em determinada fase da vida, parece ser uma missão impossível.

Outro resultado alcançado com esse artifício é o de mostrar que, mesmo em uma relação com conflitos naturais, não existem vilões ou mocinhos. Existem duas pessoas que se amam, mas que vivem momentos de vidas diferentes, com conceitos e tomadas de decisões igualmente divergentes.

 

A função do riso

Muito é debatido hoje em dia se o humor no cinema tem que, necessariamente, carregar uma mensagem ao final do riso. Eu, particularmente, acho que não é obrigatório, mas é uma chance a mais da produção obter destaque em um mercado com tanta opção “mais ou menos”.

O fato é que, assim como em “De Pernas para o Ar”, a atriz Ingrid Guimarães está à frente de um trabalho que faz rir, mas que oferece uma mensagem bem clara e interessante, só que com a temática diferente, lógico.

Aliás, ao ver Ingrid Guimarães atuar, a impressão que tenho é que sempre vejo a mesma personagem, mas ela é uma das poucas atrizes da geração que conseguem fazer rir e chorar com a mesma competência. Mais uma vez ela entrega uma atuação segura tanto nos momentos de humor quanto nas partes mais dramáticas.

A atuação da Larissa Manoela é um pouco menos destacada que de Ingrid, mas me surpreendeu positivamente. Com um início meio forçado e artificial, ela consegue segurar bem o papel no desenvolver do filme. A impressão é que ela vai conseguindo maturidade junto com a personagem, apesar de ter algumas derrapadas pelo caminho.

Por falar na personagem da Larissa, a Malu é outro ponto alto do texto de Thalita, pois é por meio dela que ela falará com os adolescentes sobre temas como sexualidade, relacionamento com a mãe e independência feminina, sempre de forma muito madura.

Crédito: divulgação.

Problemas

O filme tem alguns problemas. Para mim, o principal foi a edição. Em determinados momentos do longa – principalmente na parte inicial, de apresentação – a impressão é que ficaram faltando cenas, como o desfecho da terceira gestação da Ângela, por exemplo. Enquanto outras, parecem ter sido inseridas em momentos errados. Além disso, em algumas piadas, houve uma certa “forçação de barra” que não foi coerente com o tipo de humor utilizado no restante do filme.

Mas, de modo geral, o filme é bom, principalmente se comparado a outras comédias nacionais lançadas em 2017. Está muito acima da média. “Fala Sério, Mãe” entretém, diverte e chega a emocionar. Vale o programa em família.

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